Fauna do Rio


As Águas do Parque e o seu Habitat

   Os vales de montanha que compõem o Parque Nacional servem de habitat a inúmeras espécies. Este é o reino dos rios, e neles fazem morada ou passagem quase todas as espécies do Parque Nacional. Iremos nesta página identificar algumas das mais apaixonantes.  

   Deixamos aqui um importante alerta. Durante os meses de Junho, Julho, Agosto e Setembro grande parte das espécies sofrem imenso com o impacto causado pelo turismo nos rios do Parque Nacional, espécies são obrigadas a deixar as suas tocas, a moverem-se do seu habitat natural para clusters mais recônditos onde o ser humano não chegue, o que, a cada ano, com a massificação dos rios se torna impossível. 

Lontra Europeia, Esquiva Nadadora

   A lontra tem uma pelagem espessa e brilhante. A cor do pêlo é variável, contudo, apresentam um padrão geral definido: geralmente, o pêlo é castanho-escuro na parte superior, tornando-se progressivamente mais claro nas regiões inferiores. Possuem, por vezes, uma mancha clara na garganta (creme ou mesmo branca), por baixo do queixo ou lábio inferior, de dimensão e forma variáveis, que permite o reconhecimento individual. Esta pelagem, é constituída por duas camadas de pêlos: a interna, impermeável, constituída por uma densa camada de pêlos (de 10–15 mm), que captura pequenas bolhas de ar, isolantes, e permanece seca enquanto o animal mergulha, e uma camada externa, também impermeável, cuja eficácia é comprovada pelo facto de não existirem diferenças de peso apreciáveis entre indivíduos secos e indivíduos molhados.

   A lontra possui um corpo alongado, fusiforme e muito flexível, que lhe confere grande hidroninamismo. O pescoço é curto, embora largo e a cabeça é achatada, provida de pequenas orelhas. Os olhos são pequenos e estão deslocados para a parte superior da cabeça, não apresentando uma posição lateral como em muitos mustelídeos. A localização das orelhas, nariz e olhos, na parte superior da cabeça, permite que os mesmos se mantenham fora de água quando a lontra nada à superfície. A linha superior do rhinarium (nariz), preta e sem pêlos, forma um ‘W’. No focinho encontram-se longos pêlos sensoriais (de aproximadamente 25 cm), as vibrissas, que parecem ter uma função na deteção de presas dentro de água. A cauda, cujo comprimento é um pouco maior que metade do comprimento total do corpo e da cabeça, é ligeiramente achatada horizontalmente, larga e forte na base e mais pontiaguda na extremidade, que funciona como leme quando o indivíduo está a nadar. As patas possuem palmas e cinco dedos muito separados, entre os quais existe uma forte membrana interdigital. As garras são pequenas e não retrácteis.

   Inferiormente em relação à base da cauda, existem duas glândulas anais, cuja função exata não é, ainda, bem conhecida, mas que se julga estar relacionada com a marcação olfativa.

Lagostim do Louisiana, a Praga

   Embora com estatuto de crustáceo invasor, este Lagostim faz parte da dieta da Lontra Europeia, pode ser visto nos grandes rios do Parque Nacional, em destaque na nossa região para o Rio Cávado. 

Em 40 anos, o lagostim-vermelho-da-louisiana entrou em Portugal e espalhou-se por todo o país. É uma das espécies exóticas invasoras mais perigosas. Com o aumento das temperaturas vai mudar a sua alimentação, diz um novo estudo de investigadores portugueses e suecos. E isso não é necessariamente bom.

    A erradicação do lagostim-vermelho-da-louisiana (Procambarus clarkii) é praticamente impossível. Esta espécie, que entrou em Portugal em 1979, está espalhada por, pelo menos, 11 bacias hidrográficas de Norte a Sul.


O Escalo ou Bordalo

   O escalo, também conhecido por bordalo (Squalius alburnoides) é mais uma das espécies que povoam as nossas ribeiras e endémica da Península Ibérica, existindo em quase todas as bacias hidrográficas portuguesas. Como existem várias variantes deste singular peixe, adaptadas às respectivas bacias hidrográficas, verifica-se uma certa confusão mesmo para os investigadores, quanto a nomes, localizações e subespécies.

Foram no entanto identificados oficialmente, o escalo do norte (Squalius carolitertii)) o do sul (Squalius pyrenaicus), devido à localização do seu habitat natural a norte ou a sul do Mondego.

   Apresenta um corpo esguio, cabeça grande, coloração castanha no dorso e ligeiramente dourada na lateral. A boca é relativamente grande, visto que são bastante agressivos na procura de alimento, principalmente insectos e larvas e até pequenos peixes, base da sua alimentação. Raramente ultrapassa os 25 centímetros de comprimento, para as 200 gramas de peso. Devido ao seu carácter de pequeno predador, é bastante fácil a sua pesca, podendo esta ser efectuada com os tradicionais iscos vivos, como para os restantes ciprinideos, bem como usando imitações de insectos na modalidade de pesca à pluma. Trata-se de um peixe que deverá ser protegido a todo o custo, visto que se encontra em situação preocupante, devido em boa parte à alteração do habitat pelo Homem: pela poluição, remoção das areias onde desova, alteração das zonas de vegetação aquática que lhe produz insectos de que se alimenta e também com a construção de obras que impedem a sua migração reprodutiva.

Invisível mas presente, a Truta de Rio

Peixe de rio por excelência, a truta é identificável sem que seja necessário grande esforço. O seu corpo malhado, coberto de pintas, como se de um leopardo de água se tratasse, facilita a tarefa. Em Portugal, há essencialmente duas espécies de truta (podemos argumentar que há mais, mas entraremos em minuciosidades pouco relevantes para o caso) a Truta Salmonada (aquela em que pensamos quando se fala simplesmente em truta, sendo esta, para olhos desatentos, confundida com o salmão), e a Truta Arco-Íris (menos comum e não indígena). No Parque Nacional a truta é um dos habitantes de excelência espalhada pelos diversos rios, habitando os grandes poços e lagoas e sendo um dos fulcrais motivos da preservação de ecossistemas. 


A Boga

   Pode atingir até 40 cm de comprimento e 400 a 500gr sendo a sua dimensão mais comum os 20cm, há várias espécies de bogas (Boops boops, Box vulgaris, Box boops) muito semelhantes entre si. Corpo fusiforme de secção quase redonda; olhos grandes sendo o seu diâmetro superior ao comprimento do focinho; uma fiada de dentes incisiformes em cada uma das maxilas; barbatana dorsal com 13 a 15 espinhos; barbatanas peitorais curtas não atingindo a abertura anal; pequena mancha escura limitada à base das peitorais. Muito frequente na nossa costa é comum em fundos areia, lama, rocha junto à costa. Durante a noite, é comum aparecer na superfície da água . 

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