Aves de Rapina


Águia Real, a Rainha dos Céus

   Durante longos anos a Águia Real abandonou os céus do Parque Nacional. E as várias tentativas de reintrodução saíram sempre furadas. Hoje volta a ser uma  realidade, mas rara e escassa,  a perspetiva é que futuramente volte a ser fácil vê-las nos céus. Infelizmente o seu passado, a par do lobo foi de grande conflito com as populações, que as caçavam nos ninhos, e após a proibição do recurso aos Fojos para capturar os lobos, numa guerra invisível, morriam com a ingestão de carne envenenada que lá estava para o lobo. 

 A águia Real é a maior das águias portuguesas, ocorrendo em zonas inóspitas do interior. Trata-se de uma ave poderosa que surpreende pela agilidade do voo.

 Aquila Chrysaetos é uma ave de rapina europeia de hábitos diurnos. Habita em grande parte do Hemisfério Norte: Europa, Ásia, Norte de África e uma grande parte da América do Norte. 

A águia-real é praticamente inconfundível, apenas podendo ser difícil a sua distinção da mais rara Águia Imperial Ibérica. As asas são grandes e largas e a cauda proporcionalmente comprida, com a cabeça projectada, exibindo a tonalidade pálida da nuca, que pode ir do castanho claro ao dourado quase branco. No restante da plumagem, o tom dos adultos é no geral escuro, ao contrário dos juvenis e imaturos, que exibem “janelas” brancas nas asas e uma banda branca larga na cauda, bastante visíveis à distância. A grande envergadura desta espécie só é ultrapassada pelas do Grifo e do Abutre Preto.  

   Em 2020 estima-se a existência de 65 casais confirmados e seis casais possíveis de águia-real em Portugal, sendo nos distritos de Bragança e da Guarda que se encontra a grande maioria da população com 44 a 50 casais. 

   Como espécie ameaçada que é, a águia-real é rara e de distribuição muito localizada, quase exclusivamente restringida ao interior do território, encontrando-se sobretudo nos vales encaixados e pouco acessíveis. Ocorre durante todo o ano, sendo mais fácil a sua observação no início da Primavera, quando efectua as paradas nupciais.

Grifos, As Fortalezas Voadoras

   Os Grifos são comuns no Parque Nacional, espalhados por duas das suas Serras são avistados em grandes grupos com alguma facilidade em áreas interiores do Gerês e da Peneda.

   Quando o sol já vai alto e os seus raios começam a aquecer a atmosfera, os grifos abandonam os seus poleiros e começam à procura das correntes térmicas ascendentes, para conseguirem subir. O espectáculo de um bando de grifos formando um “balão” gigante enquanto se eleva no ar é um dos momentos mais singulares na observação de abutres.

  Muito grande, maior que as águias. Voa grandes distâncias planando e quase sem bater as asas. A plumagem é acastanhada. Os “dedos” das asas são facilmente visíveis. Gregário, forma frequentemente bandos de algumas dezenas de aves. Pode confundir-se com o abutre-preto, que por vezes se lhe associa, distinguindo-se desta espécie principalmente pelas tonalidades castanho-cremes das coberturas, pelo pescoço claro e pela extremidade das asas claramente revirada para cima.

   Em Portugal nidificam algumas centenas de casais de grifos, mas a sua distribuição é fortemente assimétrica. O grifo distribui-se sobretudo pela metade interior do território nacional, sendo mais comum junto à fronteira. As principais zonas de reprodução situam-se no nordeste transmontano, que alberga mais de metade da população portuguesa. A espécie está presente no nosso país ao longo de todo o ano, mas efectua movimentos amplos fora da época de reprodução, surgindo então noutras zonas do território.


A Maior Ave da Europa, O Abutre Preto

   É uma ave enorme! À distância, o seu tamanho é notório. Apresenta uma plumagem muito escura e as suas asas são longas e largas, com “dedos” compridos. Em voo, a cabeça e a cauda apresentam-se curtas. A cor das patas é geralmente cinzento-claro. Plana no céu em círculos e desliza com as asas muitas vezes com as partes exteriores arqueadas para baixo.

  O habitat preferencial do abrute-preto são regiões remotas de difícil acesso e pouco humanizadas. Normalmente vive em locais com extensas manchas florestais ou matagais arborizados.

   Esta ave é quase exclusivamente necrófaga e raramente captura presas vivas. Alimenta-se principalmente de carcaças de médio e grande porte como ovelhas, cabras e vacas. O abutre-preto pratica, com o grifo, um sistema cooperativo de procura de alimento. Esta espécie encontra-se associada às zonas de aproveitamento silvo-pastoril, onde ocorre a criação extensiva de gado bovino e ovino. Os abutres aproveitam as correntes de ar térmicas para voarem a grande altitude para procurar alimento.

Fotografias de Carlos Rio

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